Nó em pingo d’água: sobrevivência, cultura e linguagem

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Categoria: SKU: 978-85-65679-93-0

Descrição

Organizadores: Adriana C. Lopes, Adriana Facina e Daniel N. Silva

ISBN: 978-85-65679-93-0

Páginas: 336

Peso: 370g

Ano: 2019

Inspiradas/os por autores que atravessam limites disciplinares, bem como por uma longa trajetória de pesquisa etnográfica em contextos periféricos, esta coletânea é uma proposta de pensar a questão do sobreviver, em sua relação coma linguagem, a cultura, a política e a arte. Nesse sentido, a obra enfatiza não só as culturas de sobrevivência, mas também as escritas, os letramentos, as histórias e os testemunhos de sobrevivências. Práticas narrativas formadas por uma imaginação própria aos que devem inventar desvios para viver ou, como nos inspiram os compositores populares Juninho Thybau e Kiki Marcellos, de quem extraímos o título do livro:

“Gente que dá nó em pingo d’água

Se o calo aperta no embalo se liberta

E na adversidade encontra diretriz.”

Entre dicotomias que fundamentam o pensamento moderno liberal, encontramos o binarismo vida/morte. Uma polaridade que parece uma simples autoafirmação da realidade, mas que esconde uma divisão assimétrica entre os dois termos. Uma hierarquia violenta, que se desdobra em tantas outras. Enquanto vida é percebida como a origem, a morte é temida, sinônimo de cinzas e de finitude humana. Trata-se de certa lógica vitalista que concebe o sujeito a partir de uma matéria orgânica que triunfa sobre a morte. No entanto, se pensássemos que não só existem diversas maneiras de morrer e de viver, mas, para além deste esquema, deixássemos transbordar distintas formas de se pensar, de se experimentar e de se fazer ‘o viver e o morrer’? Se trouxéssemos os rastros de histórias, de memória, de culturas, de narrativas, de corpos e de escritas que colocam em xeque o próprio maniqueísmo de tal divisão? Derrida, em Sobreviver/Diário de Borda, argumenta que há um intervalo entre essas polaridades, que continua, persiste, luta, dura e está além do viver e do morrer: a sobrevivência. Nas palavras do próprio filósofo: “o sobreviver transborda, ao mesmo tempo, o viver e o morrer, suplementando-os, um e outro, como um sobressalto e um certo alívio temporário, parando a morte e a vida ao mesmo tempo”. Assim, pensando além de qualquer posição dicotômica, a sobrevivência é um termo-chave que nos permite ampliar nossos espaços de fala e de escuta, bem como trazer à tona reflexões sobre as estratégias, as frestas e as fraturas que os sujeitos subalternizados encontram para persistir e desenhar a suas próprias histórias, memórias e trajetórias. Muito próximos dessas formulações teóricas, MC Raphael Calazans, nascido e criado no bairro do Complexo do Alemão, destaca que a cultura da favela é uma cultura de sobrevivência. É o difícil cotidiano das ruas, dos becos e das vielas das favelas que se torna produtor de sentidos e valores – uma matéria-prima para a imaginação e a criatividade. Ainda segundo o MC, essa cultura da favela é o que ela tem de mais importante: uma estratégia que as pessoas encontraram de “construir a vida a partir daquilo que nega a própria vida”.

Informação adicional

Peso 490 g
Dimensões 21 × 15 cm

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