Descrição
Volume I
Autor: Pedro Bertolino
ISBN: 978-85-7474-869-6
Páginas: 152
Peso: 230g
Ano: 2015
Insular Livros
Capa: Valmor Fritsche
Esta Antropologia da Loucura trata da descoberta da etiologia da histeria ou das neuroses, da loucura em geral, a partir de ocorrências sócio-antropológicas na infância e no interior das famílias, pelos especialistas em Medicina Legal da Escola de François Fodéré, ao longo do século XIX na França. Dr. Ambroise Tardieu destacou-se entre eles, e além de anunciar a descoberta científica das causas da histeria ou loucura em geral, ainda demonstrou que as consequências psicológicas para as vítimas dos atentados permitiam a compreensão científica dos casos que tinham desfecho no assassinato ou no suicídio.
Este livro resultou de uma rigorosa e sistemática pesquisa sobre as reações às conquistas republicanas e democráticas da Revolução Francesa de 1789 no campo da Medicina Legal. Segundo Pedro Bertolino, “foi um dos maiores, talvez o maior e mais desumano, dos escândalos da nossa civilização”. Milhares de perícias – análise técnicas e constatações científicas experimentais -, sem qualquer explicação, foram ocultadas e abateu-se uma impiedosa censura sobre seus autores. Sob o rótulo de “doenças mentais”, tudo foi encoberto. Era a Psiquiatria Racista e Eugenista de Cesare Lombroso, vinda da Itália, a serviço da reação imperial, soterrando um século de Ciência. Assim chegou-se ao Nacional Socialismo, ao Nazismo de Hitler e Heidegger, ao Holocausto. Pedro Bertolino é incisivo: “Eis uma verdade abominável que nossos determinismos mentais nas pedagogias das deficiências insuperáveis, nossas psicologias das análises intermináveis, e nossas psiquiatrias da ‘Doença Mental’ incurável continuam ignorando ironicamente, por conveniência ou alienação, dá no mesmo!”.
Este é o primeiro volume, de dois planejados, sobre um tema mantido no esquecimento, mas que o autor, Pedro Bertolino, traz a lume em cinco vigorosos e reveladores capítulos: “CHARCOT: Hipnotismo e Teatro”, “AS HISTÉRICAS: Vítimas & vítimas”, Medicina, Humanismo e República”, “FREUD: Aventura e Medicina” e, por último, “FREUD e FLIESS: Parceiros e Cúmplices”.
É uma notável contribuição aos estudos sobre a reação imperial aos avanços da revolução francesa sob o lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. A medicina psiquiátrica francesa, sob a manipuladora liderança de Jean-Martin Charcot, Charles Brouardel e Emanuel Fourniet, promoveu um ataque às constatações científicas experimentais promovidas pela Medicina Legal para os tribunais e a Justiça francesa. Pesquisas e relatórios de laudos periciais atestavam que os padecimentos psicológicos – “histerias” à época e “loucuras” atualmente -, como hoje, eram desdobramentos criminosos de ocorrências no interior das famílias e da sociedade, contra crianças, mulheres e trabalhadores. Na Europa sobreveio o Nazismo. Em nosso país, a Liga de Saúde Mental, principalmente nas décadas de 1930 e 40. Tanto lá quanto cá, o ensaio sobre a desigualdade das raças (Essai sur l’inégalité des races humaines), publicado parcialmente em 1853 e completo dois anos depois pelo “conde” Arthur de Gobineau, foi a principal influência.
Uma leitura esclarecedora e oportuna!
Pedro Bertolino nasceu em Santo Amaro da Imperatriz, então município de Palhoça, em Santa Catarina, em 1940.
Foi um dos fundadores (1968) do GUGA (Grupo Universitário de Cinema Amador). Escreveu o argumento do filme “Novelo”, premiado pelo Festival Nacional do Jornal do Brasil. Mais tarde (1972) produziu um argumento/roteiro sobre oleiros para a filmagem de “Via Crucis” por Nelson Pereira dos Santos, não aproveitado por limitação da duração da película com propósito de participação em festival de cinema, depois transformado pelo cineasta no documentário “Olaria”.
Em 1972 tornou-se professor universitário. Filósofo e poeta, estudioso de Jean-Paul Sartre, desenvolveu a Metodologia Científica Experimental e Interdicisplinar para a aplicação da Psicologia Existencialista do intelectual francês. Participou do Movimento da Poesia Concreta (São Paulo) e do Movimento Nacional de Poema Processo (Rio de Janeiro).
Publicou os livros Metamorfoses(poesia, 1966), Trajeto (poesia, 1976), Viagens com Maura(Esboço biográfico, 1993), Cancioneiro da Ilha( poesia, 2013), além de poemas e críticas literárias no Mensário da Ilha, Revista Vozes e Coleção de Literatura Brasileira, esta última do Instituto Nacional do livro. Pesquisou, organizou, prefaciou e anotou o livro Poemas do meu caminho(1993), de autoria da advogada e jornalista Sylvia Amélia Carneiro da Cunha (1914-2012).
É membro da Academia Catarinense de Letras.
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