O tempo da farinha

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Categoria: SKU: 978-85-7474-817-7

Descrição

Autor: Celso Martins

ISBN: 978-85-7474-817-7
Páginas: 64
Peso: 155g
Ano: 2014

Planejamento gráfico Ayrton Cruz

A obra tem como base entrevistas gravadas com Aflides Marques de Andrade, Antônio Gonçalves, José Roberto (Beto) Andrade, Cássio de Andrade, Célio Hercílio Marciano, Ivo Cordeiro, Judite Gonçalves, Lourival Machado Pereira, Luci Vicentina Gaia, Hercílio Pedro Marciano, Hilda Marques da Cunha, Manoel Ereno Quirino (Mané Ireno), Manoel da Rosa, Maria da Glória Viana Soares (Glorinha), Matilde Marques, Neri Agenor de Andrade, Orlando dos Santos, Romeu de Lima, Rosinha dos Santos Cruz, Timótio Ferreira Filho (Timotinho), Valdete Jesus de Lima e Zenaide de Andrade Souza.

Segue trecho inicial da Introdução do livro:

Os engenhos de farinha ocupavam um lugar central na vida dos moradores de Santo Antônio de Lisboa, Sambaqui, Barra do Sambaqui e Cacupé, assim como em outras localidades da Ilha e do litoral catarinense.1 Era a fonte de alimento, um pouco de renda e também de lazer, exigindo destas pessoas a manutenção das estruturas, o plantio, colheita e transporte de diferentes tipos de mandiocas, seu processamento visando obter a farinha, o armazenamento, escambo e comércio.

O tempo era o tempo rural dos ciclos dos plantios, mesclado com as principais datas religiosas, onde o relógio não fazia falta. O tempo das luas, das marés e dos ventos, tanto na lavoura como na pesca. Não havia luz elétrica, os deslocamentos eram à pé, raramente à cavalo, sendo usados carros de bois ou canoas e lanchas. Não existiam botijões de gás, ônibus, água encanada, sem falar em televisão ou internet. O ritmo da vida era mais lento, as notícias demoravam para chegar, as comunidades eram pequenas e todos se conheciam.

O bijú, a cacuanga, a rosca de polvilho e a farinha de mandioca ocupavam espaços à mesa com o café, o peixe escalado, ensopado ou frito, o camarão fresco ou defumado, carnes de porco e gado em ocasiões especiais, a fussura, o torresmo e muitas frutas. As mesas eram fartas, mas seus moradores faltos de dinheiro vivo, encontrando na colheita do café, na renda, no escambo com os tripulantes de navios, nas pescarias no Rio Grande e padarias de Santos as fontes do pouco numerário da época.

As fontes de luz eram outras, os fogões alimentados com lenhas, os banheiros no mato ou em casinhas nos fundos das residências, precisavam fabricar o cal usadas nas edificações, fazer o sabão, criar porcos e galinhas, manter uma vaquinha de leite e boa junta de bois para o carro e a roda do engenho. Caçavam quati, aracuã e tatú, elaboravam o açúcar mascavo, o melado e a aguardente, faziam os próprios colchões, travesseiros e mantas e cuidavam das fontes de água.

A pesca sempre esteve presente. O peixe e o camarão eram consumidos com pirão d’água ou de feijão, pescados em canoas à vela, com tarrafas de ticum, linha e depois náilon, espinhéis compostos de centenas de anzóis, mais tarde as redes, lanchas e motores. Os ventos, a Lua e as marés guiavam os momentos das capturas, orientavam a saída e retorno. Técnicas de conservação usando o sal, o sol, a farinha e a fumaça permitiam o armazenamento do pescado farto. Diferentes técnicas de pesca, a extração de ostras e mariscos, caranguejos e siris, garantiam maior diversidade alimentar.

Informação adicional

Peso 155,00 g
Dimensões 15 × 21 cm

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