Fernando Pino Solanas: cinema, política, libertação nacional

R$69,00

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Descrição

Organizador: André Queiroz

ISBN: 978-85-524-0249-7

Páginas: 380

Peso: 545g

Ano: 2022

16x23cm

O livro que ora apresentamos ao público brasileiro é uma seleta de cerca de 30 textos de distintos formatos (ensaios; manifestos; balanços de conjuntura, informes, entrevistas) que recobrem o período de quase cinquenta anos da produção de Fernando Pino Solanas, um dos mais brilhantes cineastas da nação latino-americana. Importante destacar (e lamentar!) que, em português, ainda hoje, há pouquíssimo material disponível.
(…)
Para finalizar a este relato, é importante destacar ainda que este livro se inscreve em um conjunto de ações que estamos desenvolvendo e que pretende contribuir como um aporte vário para ingresso na obra de Fernando Solanas. É que ao evocarmos o nome de Solanas, e ao nos atirarmos por sua obra, somos tomados de assalto por um artista que se começou pela música em sua formação, atravessou a literatura, o teatro, a dança e, claro, o cinema –, espécie de artista integral, que totaliza a arte no que a amalgama com a história e a política.

Trecho da Introdução

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Fernando Pino Solanas é muito mais do que um importantíssimo cineasta vinculado ao chamado Nuevo Cine Latinoamericano. A sua obra, audiovisual e textual, é uma referência para entender a Argentina e, por extensão, a América Latina. O seu pensamento, expresso por meio de imagens, sons e palavras, manifesta uma lúcida compreensão sobre os nossos países, exaustiva e sistematicamente saqueados ao longo de séculos. No entanto, a obra de Solanas não se resume a uma análise histórica da Argentina, pois também possui um viés propositivo, uma vez que a sua criação artística se vincula estreitamente a sua militância política. Solanas não tinha medo de sua obra ser rotulada como um “cinema militante”. Afinal, todo cinema é político, inclusive o travestido de “apolítico”.  Na verdade, o aguerrido trabalho político de Solanas se coaduna com o seu talento artístico, formando um equilíbrio ímpar entre militância e rigor estético. Com formação em música e teatro, e oriundo da publicidade, Solanas realiza um cinema que transita entre a ficção e o documentário, mistura gêneros narrativos, absorve as mais arraigadas tradições culturais argentinas e dialoga com as experimentações estéticas do cinema moderno e contemporâneo. Longe de ser um mero panfleto, os seus filmes são uma verdadeira experiência sensorial e crítica da nossa convulsiva realidade subdesenvolvida. Sem se ater a moldes estéticos hegemônicos, oriundos de uma tradição cultural alheia à nossa, Solanas sempre buscou descolonizar o gosto, proporcionando-nos, assim, obras audiovisuais em sintonia com as práticas artísticas populares, nascidas de condições precárias.
O presente livro, organizado e traduzido por André Queiroz, oferece ao leitor brasileiro uma ideia do grau da riqueza do pensamento de Fernando Pino Solanas, ao recorrer um longo período de sua rica produção artístico-político-intelectual. Assim, podemos encontrar textos já consagrados nos estudos de cinema latino-americano, como a produção teórica do Grupo Cine Liberación, do final dos anos 1960 e começo dos 1970. Essa produção se deve às reflexões do processo fílmico do Grupo, que não se resume ao monumental La Hora de los hornos, marco na história do documentário latino-americano, mas também a obras fílmicas fundamentais para e sobre aquele momento político: o processo do retorno de Perón à Argentina, após quase duas décadas de exílio. É sobre essa angustiante e solitária experiência, o exílio, que Solanas reflete de forma cinematográfica o período no qual foi forçado a abandonar o seu país através do díptico Tangos – el exilio de Gardel e Sur. Em seguida, Solanas se dedica a denunciar e pensar sobre o processo de devastação suscitado pelo neoliberalismo, a partir da “mafiocracia” menemista, seja por meio de alegorias ficcionais, seja por sua octologia documental, dedicada a traçar um mosaico da Argentina contemporânea, destruída pelo saque neocolonial, agora sob a sórdida marca neoliberal. Assim, ao lado de sua atividade política, como senador, deputado ou candidato à presidência, o cineasta Pino Solanas defendia uma outra Argentina possível, em contraponto aos mesquinhos interesses de suas classes dirigentes, subalternas ao capital estrangeiro. Ler e assistir Solanas é refletir não apenas sobre a tragédia argentina, provocada pelos projetos abortados de nação, mas também sobre a tragédia brasileira e a de todo o continente latino-americano. Arte e revolta, emoção e ação.

Fabián Núñez
Professor associado do departamento de cinema e vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF).

 

Informação adicional

Peso 650 g
Dimensões 23 × 16 cm

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