Descrição
Autora: Daisi Vogel
ISBN: 978-85-7474-650-0
Páginas: 112
Peso: 160g
Ano: 2012
Capa: Rodrigo Poeta
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As crônicas de Nelson Rodrigues depois de serem localizadas temporal e espacialmente, confrontadas com sua época e seus interlocutores, como se procura fazer no primeiro capítulo do trabalho, passa-se ao estudo de como assimilam o tempo e o espaço e a uma leitura do texto como discurso ativo. Nas crônicas de futebol, há base para uma inter-relação múltipla: o futebol, no plano do objeto narrado, como um palco, uma representação, um texto; as crônicas, no plano da narrativa, como outro palco, outra representação, outro texto.
A organização social, a identidade do indivíduo e do grupo, como um terceiro plano possível, permeia essa relação entre textos, num cruzamento de sentidos que constroem mutuamente, e que se procura traçar a partir do terceiro capítulo. A idéia central dessa busca de sentidos é a de que o autor é antes de mais nada um leitor da história, e, na medida em que ele a escreve, é lido por ela, num movimento de reescritura no tempo, no espaço, nas situações.
“No que aqui se apresenta, gosto em particular da descoberta de uma dramatização humorada, essa síntese de humor e drama que Nelson realiza na crônica no final dos anos 1950. Um desvio criativo na composição de humor e lirismo que então predominava, como apontou Antonio Candido, no caráter brasileiro do gênero.”
Daisi Vogel
“A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana”, escreveu celebremente Nelson Rodrigues. Nesta formulação lapidar – como tantas do grande frasista – está configurado seu entendimento do futebol como fenômeno humano que transcende amplamente a mera dimensão esportiva. Na escrita do autor, o futebol é o lugar em que se encenam os dramas morais mais profundos, desenham-se identidades – em especial a controvertida “identidade nacional” –, teatraliza-se a vida social.
Um dos muitos méritos do presente trabalho de Daisi Vogel é mostrar com nitidez como esses diversos planos se articulam nas crônicas de Nelson Rodrigues para a Manchete Esportiva, sem perder de vista o contexto histórico, social e cultural em que elas foram produzidas – uma época (1955-59) de desenvolvimento acelerado e de profundas mudanças na autoimagem do país e na autoestima de seus cidadãos, e também de modernização das comunicações, de ampliação de um público urbano para a indústria cultural e o entretenimento de massa, em que se inclui evidentemente o próprio futebol. [Trecho da apresentação]
José Geraldo Couto
Daisi Irmgard Vogel é jornalista com doutorado em Literatura e trabalha desde 2004 no Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. É autora de Borges e a entrevista – Performances do escritor e da literatura na cena midiatizada (Editora Insular, 2009). Nasceu em Blumenau, Santa Catarina, em 1965.
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