Ambiente e sociedade em contexto lusófono

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Categoria: SKU: 978-85-524-0048-6

Descrição

Coleção Debate Social – Volume 4

Organizadores: Augusto Cesar Salomão Mozine, Teresa da Silva Rosa e Tiago Miguel D’Ávila Martins Freitas

ISBN: 978-85-524-0048-6
Páginas: 522 il.
Peso: 615g
Ano: 2018

Este livro pretende, promover a emancipação e dar visibilidade à pesquisa lusófona e contribuir para a “descolonização” dos estudos de ambiente e sociedade. Ao apresentar uma variada seleção de relatos críticos – baseados em abordagens e prioridades locais – este livro apresenta uma alternativa aos estudos anglo-americanos que, muitas vezes, ignoram ou minimizam a importância de “outras” línguas, epistemologias e práticas acadêmicas. Neste sentido, buscamos divulgar os diversos precursores lusófonos e revelar a sua contribuição para os estudos de ambiente e sociedade globais em perspectiva crítica e, em particular, para a ecologia política.
Nesse contexto, pode-se pensar em uma “afinidade elástica” entre as produções acadêmicas dos países lusófonos, resultante de um passado colonial, língua e cultura comuns, o que torna a produção sobre ambiente e sociedade singular no contexto global dos estudos ambiente-sociedade. A colonialidade física e seus resultados que ainda se fazem sentir na atualidade – a desigualdade no acesso à terra, a destruição ambiental, a marginalização de comunidades etc. – é talvez a comunalidade mais óbvia e de fácil abordagem no que concerne a questão ambiente-sociedade nos países lusófonos. Uma herança colonial comum, certamente, mas com resultados díspares dependendo dos contextos. Esta diversidade de questões socioambientais é uma riqueza no contexto acadêmico global que este livro pretende divulgar.
Para além das questões materiais mais óbvias, também se pode pensar em aspetos culturais relativos às relações ambiente-sociedade, incluindo percepções sobre modernidade, desenvolvimento ou até as reações ao ambientalismo que se tornou mainstream a partir da última metade do século 20. Esta “identidade continuada” seria assim uma suscetibilidade para uma certa proximidade, movida por um passado comum. Por exemplo, e como Oswald de Andrade postulou, só a antropofagia pode unir os Brasileiros – no sentido em que os conflitos e encontros do passado – na maioria das vezes violentos e traumatizantes – para o bem e para o mal deixaram as suas marcas, unindo as pessoas do presente. Talvez o racismo, o etnocentrismo e o preconceito classista existentes nos vários países lusófonos são um reflexo disso mesmo: a lusotopia tal como Pina Cabral frisa é um território tanto de encontro como de conflito e medo. E o autor continua: “no contexto atual globalizado, a condição lusotópica nem é ocidental nem deixa de o ser – os seus sujeitos situam-se numa condição intermédia, mediadora, perante a história da ocidentalidade”.
Essa condição lusófona revela uma dupla colonialidade . Desde o século XVIII que os sujeitos lusófonos vivem numa condição estranhamente dupla: apesar de fazerem parte de uma nação imperial, a sua posição no mundo global é a de subalternos, em termos políticos, econômicos e culturais . Esta condição moldaria então as relações ambiente-sociedade em dois níveis principais: nas reações contra o ambientalismo global e globalizante imposto pelo exterior – seja a União Europeia no caso de Portugal ou as instituições financeiras globais no caso de Moçambique; e no uso instrumental desse mesmo ambientalismo – talvez de encontro ao conceito de subversão subalterna desenvolvido por Scott em Weapons of the Weak . O paradigma do “para inglês ver” seria talvez o exemplo mais óbvio desta relação por vezes dúbia com o ambiente.
Seguindo o raciocínio desta dupla colonialidade que molda as relações ambiente-sociedade, o conceito de sociologia das ausências de Boaventura Sousa Santos revela-se empoderador, já que sublinha a necessidade de abraçar sem complexos as nossas especificidades e a nossa riqueza sem necessariamente nos inferiorizarmos aos modelos ocidentais – de desenvolvimento, de modernidade, de relações com o ambiente. Por outro lado, a multiplicidade de outros conhecimentos e epistemologias dos povos tradicionais nos vários países lusófonos apresenta um contraponto à visão homogeneizante da modernização ocidental e do ambientalismo neoliberal mainstream. Este livro pretende também ser um primeiro passo para o desenvolvimento de uma agenda em que “outros” acadêmicos e conhecimento sejam verdadeiramente reconhecidos.

Informação adicional

Peso 615,00 g
Dimensões 15 × 21 cm

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