Descrição
Autor: Thales de Oliveira
ISBN: 85-7474-104-3
Páginas: 288
Peso: 430g
ANO: 2001
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“O sol despedia-se do dia, espalhando raios de luzes multicoloridas por todo o horizonte. Enorme, redondo avançava para outras terras, deixando a esperança do amanhã no coração dos tropeiros.”“Dormiram, como os bichos dormiam: livres, atirados, frente à natureza aberta. Eram iguais no sono; tinham o seu espaço, como os animais dos prados e da floresta.”- Trechos do livro.
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O TROPEIRO
Celestino Sachet
O “tropeiro”, livro de Thales de Oliveira. (Florianópolis, Ed. Insular, 2001, 288p.) é um romance histórico que envereda por um espaço que permanecia intocado dentro da Literatura Brasileira; a marcha dos tropeiros que durante os séculos XVIII e XIX percorreram serras, planaltos e campinas entre o Continente de São Pedro do Sul e os mercados consumidores de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Esse pioneirismo, tanto do autor quanto do romance, toma forma ao “filmar”, claro que com palavras, músicas e desenhos, a vida lenta e perigosa de dúzia e meia de personagens, tiradas do dia a dia, de um grupo de pessoas que pode ser enquadrado na classe média daqueles tempos: a dona Elza, dedicada à família; o Afonso de Campolargo, sócio de empresa; a Rosinha, a professora; o Leopoldo, o dono da égua Passanágua e do cavalo Passatudo; o mestre Guilherme; o Hamilton do Valeverde, capataz de tropeadas; o padre, a parteira, o comerciante esperto, o comerciante de peixes, o dono da bodega.
Ao lado dessa respeitada camada social – estável, de certo modo endinheirada, vão e voltam os tropeiros de empreitada.
Mesmo trabalhando com esse enorme grupo de personagens principais mas diferenciados, o Autor soube marcar-lhe corpo e alma pela mesma linguagem e pela mesma filosofia de levar a vida. E soube movimentar todos eles, dentro da estória, com o seu modo típico de pensar e de agir.
O desenrolar dos fatos, marcados por uma linguagem bastante clara e objetiva, entremeada de poemas, músicas e gravuras, torna aprazível a jornada do leitor que vai descobrindo um mundo que lhe (é) era desconhecido.
De vez em quando, uma descrição detalhada de construções, de pássaros, de animais terrestres, de árvores e de frutos, garantem um atilado espírito de observação desejoso de levar para dentro da trama e do livro a verdade ‘verdadeira’ das coisas da natureza, da criatura e dos fatos.
A divisão do livro e da trama em quatro blocos – Amanhecer, Entardecer, Anoitecer e Alvorecer – leva para dentro da “estória” a circularidade que existe nas 24 horas do dia cósmico como metaforizando a circularidade de uma viagem-jornada de vida dos personagens entre a viagem aqui descrita e a próxima. Que não precisa ser descrita porque vai acontecer o mesmo que já foi contado.
A presença de um elevado número de capítulos, com a média de 4 – 5 páginas, não permitiu ao Autor aprofundar o caráter dos personagens e a força de sua presença na história como um todo.
Talvez tenha sido esta a intenção do texto: apresentar um romance com um vasto número de caracteres e de acontecimentos para deixar que o leitor estabeleça um elo de ligação entre cada um deles, entre o todo, entre a primeira e a última página, entre o amanhecer e o alvorecer.
25, ago, 2004
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