Descrição
José Fabrício das Neves e o Combate de Irani
Autor: Celso Martins
ISBN: 978-85-7474-366-0
Páginas: 128 il.
Peso: 400g
Ano: 2007
Novo olhar sobre o início do Contestado
Nas primeiras horas da manhã de 22 de outubro de 1912, pouco antes do início do combate de Irani, o monge José Maria chamou José Fabrício das Neves e disse que ia morrer no confronto, mas que ele Fabrício continuasse liderando os caboclos. E que permanecesse no mato, onde seria um tigre, pois se fosse para o campo se transformaria num gato.
A recomendação do monge está na origem ao título do livro do jornalista e historiador Celso Martins, fruto de seis meses de pesquisas e entrevistas pelas regiões de Concórdia e Irani, em Santa Catarina, e em municípios do Paraná como Palmas, Pinhão, Coronel Domingos Soares, Guarapuava e Coronel Vivida. “Mais do que resultado da invasão de um estado por outro, o combate no Banhado Grande de Irani revela a existência de uma organização dos caboclos e demais moradores locais para resistir a uma tentativa de expulsão das terras que ocupavam”, explica o autor.
A obra trabalha os perfis de lideranças pouco conhecidas do Contestado ou desconhecidas da historiografia catarinense. Além de José Fabrício, surgem homens como José Alves Perão, os Quitério, os Belchior, o coronel da Guarda Nacional Miguel Soares Fragoso e outros Fabrício das Neves: Miguel, Thomaz, Gabriel, Clementino (secretário do monge José Maria) e Fidêncio, entre outros. E mulheres das famílias Fabrício das Neves e Quitério, além de Joana Perão e Maria Borges.
Na segunda parte da obra o autor detalha a trajetória de José Fabrício até cegar à condição de “coronel”, exercendo na prática algumas funções do Estado, como o monopólio da violência, mantendo um grupo de homens armados na defesa da ordem. Era o delegado de polícia, o juiz e o carrasco dos criminosos e inimigos. Após realizar acordos com grandes empresas de colonização, envolver-se na política partidária e usufruir dos tentáculos do Estado que começam a chegar, acaba sendo vítima de uma emboscada, morto e degolado, em fins de janeiro de 1925.
Sua morte levou à expulsão de centenas de famílias de caboclos que ele abrigava em terras dos atuais municípios de Concórdia, Itá, Arabutã, Ipumirim e outros. Os descendentes de José Fabrício e alguns de seus parentes tiveram que se refugiar, o mesmo ocorrendo com os Perão e outros antigos combatentes do Irani.
Ao longo de 128 páginas de textos e cerca de 110 fotografias antigas e atuais, Celso Martins enriquece a historiografia e presta uma homenagem a antigos combatentes sociais, outrora apontados como “bandidos” e “criminosos”. O professor Paulo Pinheiro Machado, da UFSC, assina o prefácio (“trabalho de pesquisa que revela a garra, a astúcia e a visão do autor – virtudes do tigre no mato”). O professor Emerson Campos, da UDESC, orientador do autor em seu trabalho de conclusão do curso de graduação em História, assina a orelha.
Nascido em 23 de novembro de 1955 em Laguna-SC, Celso reside em Florianópolis desde os quatro anos de idade, com exceção do período entre 1980 e 1986, quando morou em Joinville-SC.
No Jornalismo desde 1976 e formado bacharel em História em meados de 2007, está lançando seu nono livro, entre os quais se destacam: Os Comunas – Álvaro Ventura e o PCB Catarinense (Florianópolis: Paralelo 27, 1995); Farol de Santa Marta – A Esquina do Atlântico (Florianópolis: Editora Garapuvu, 1997); Aninha virou Anita (Florianópolis: A Notícia, 1999) e Os quatro cantos do Sol – Operação Barriga Verde (Florianópolis: EdUFSC/Fundação Boiteux, 2006).
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