Descrição
Autor: Demétrio de Azeredo Soster
ISBN: 978-85-7474-763-7
Páginas: 88
Peso: 115g
Ano: 2014
Capa: Rodrigo Poeta
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Livro de razão tem a ver com aqueles cadernos de conta, ou registro, que, nas palavras de Leonor Arfuch, subitamente se transformam em narrações sobre a vida cotidiana, diários íntimos, confessionais; textos que, para além de acontecimentos, passam a dar conta do mundo afetivo de seus autores. Sem que esses necessariamente o queiram, diria. Emerge, dessa maneira, mais que uma confissão, uma contextualização a respeito de como o processo se estabelece, sobre como a poesia desencobre sua razão e sentido de ser.
“(…) melhor ficar calado/a ter voz de mudo”. Assim Demétrio encerra um dos poemas deste livro. De fato, sua poesia realiza essa proposta.
São poemas de versos curtos, poucas palavras, espaços em branco, silêncios. É assim que seu texto se constrói para sugerir significados, esboços de sentido.
Para Demétrio, é o discurso empolado, cheio de palavras e excessos, que soa, paradoxalmente, como vazio, como voz de mudo, de quem, querendo dizer demais, não diz nada.
O sentido incompleto, suspenso no ar como mostra mesmo o aspecto gráfico da poesia de Demétrio, ao contrário, diz o suficiente. Estamos diante de um poeta que não é marinheiro de primeira viagem.
Seu texto caminha para encontrar o difícil equilíbrio entre dizer com pouco e dizer pouco. Que siga nessa busca.
Ricardo Silvestrin
Leio esses poemas e penso no chamado mistério da poesia. Em qualquer lugar do mundo, na Mongólia, Austrália ou numa cidade brasileira, há sempre um poeta carpindo com as palavras a sua perplexidade diante do mundo.
Talvez o mundo não chegue a tomar conhecimento, mas ele trabalha, limpa as palavras, arruma osversos, conversa com os espaços em branco e lança seus poemas ao léu.
É o caso de Demétrio de Azeredo Soster − poeta que conheci, por acaso, lá em Santa Cruz do Sul.
É um poeta pronto. Alguém condenado à poesia.
Ele sabe o que é poesia, ele sabe os sortilégios do verso e sabe o que é o drama às vezes inútil e sublime da criação.
Demétrio, você escolheu a linguagem e a linguagem o acolheu. Venha para a danação poética onde muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Affonso Romano de Sant’nna
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Demétrio de Azeredo Soster, nascido em Porto Alegre há pouco menos de 50 anos, é um sujeito de muitas faces.
A mais antiga, dentre as visíveis, é a literatura; nela, a poesia, com a qual convive desde sempre.
Parte desse período está dito em seu livro de estreia, Tempo Horizontal (Edunisc, 2013), bem como nos saraus, concursos literários que frequenta aqui e ali e que, vez em quando, transformam-se em prêmios, deferências.
A outra parte é a jornalística, que lhe ocupou duas décadas e meia em redações de jornais, revistas e assessorias de todos os portes e matizes, traduzidas, de certa forma, em fios de cabelos brancos e em lembranças as mais diversas.
Tem, ainda, o lado professor dos cursos de Comunicação Social e do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a pesquisa, os livros organizados; a vida acadêmica, enfim.
Sobretudo, a vida em família; o morar na até então pacata cidade de Santa Cruz do Sul, onde se aquerenciou; as corridas no final de tarde, as pedaladas; o jardim que acalma e que nunca fica pronto; o boxer Mique, parceiro de todas as horas.
Essas coisas da vida em comum, enfim.
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