Descrição
Autor: Jorge Abelardo Ramos
ISBN: 978-85-524-0236-7
Ano: 2021
Tradutores: Marcelo Hipólito López, Maria de Fátima Jardim
Trata-se de uma obra inédita, já que Jorge Abelardo Ramos modificou esta última edição para agregar-lhe novos textos e apreciações sobre a América Latina. A morte o surpreendeu em pleno trabalho criativo e de investigação.
Neste livro nos encontramos com a grande aventura da colonização, a emancipação e as revoluções nacionais. A tragédia da América Latina em sua fragmentação em vinte Estados débeis e impotentes, submetidos ao grande poder imperial.
Ainda que a bibliografia sobre a deformação econômica produzida pelo imperialismo seja enorme na América Latina, ainda não existia uma obra – nem antiga nem contemporânea – que descrevesse o processo de “balcanização” sofrido pela herança hispano-crioula desde os tempos de San Martín e Bolívar até a revolução dos tempos atuais, cujos nomes simbólicos são Juan Domingos Perón, Fidel Castro, Velazco Alvarado, Salvador Allende, Omar Torrijos, Getúlio Vargas e muitos outros.
Como nasceram como Repúblicas províncias como o Uruguai, Venezuela, Bolívia, Paraguai, Argentina e Equador? Como a oligarquia agrária exportadora fuzilou ou expatriou os unificadores (Bolívar, San Martín, Morazán, Artigas)? Como o pensamento marxista, o nacionalismo e o liberalismo alteraram sua natureza ao atravessarem o Atlântico e converterem-se nas mãos do poder oligárquico em produtos opostos ao seu significado natural? Finalmente, a Guerra das Malvinas e um epílogo – a pedido de Alberto Methol Ferré – onde publicamos uma conferência magistral que sintetiza seu pensamento revolucionário e unificador. Tais são os temas tratados pelo autor, lançando uma luz poderosa sobre a história e o destino de nossos povos. Victor Ramos
América Latina Esquizofrenizada pelo Imperialismo Angloiano
Por Gilberto Vasconcellos
O Brasil está precisando de um safanão da América Latina para deixar de ser bobão, e tomar vergonha na cara. Pela primeira vez editado no português, 40 anos de atraso, o argentino Jorge Abelardo Ramos, A História da nação latino-americana. A editora Insular de Floripa está de parabéns.
Este livro tem a mesma importância que a História da Revolução Russa, de Leon Trotsky, de quem Abelardo Ramos assimilou as ideias e estilos. Lembra também na capacidade desveladora do presente para o passado, o historiador português Oliveira Martins.
Realço o estilo porque Abelardo Ramos foi um exímio escritor que se iguala aos melhores romancistas latino-americanos. Escrevia movido por um sentimento épico, lírico e iracundo, com uma visão de conjunto da América Latina, somente comparável ao mestre Darcy Ribeiro, de quem foi amigo em Lima e Montevidéu.
Apresentação
A apresentação de História da Nação Latino-americana, de Jorge Abelardo Ramos, ao público do Brasil é o cumprimento de um objetivo por muitos anos adiado e que, por fim, pode tornar-se realidade.
Pertenço a uma geração argentina que encontrou nesta obra – assim como na intensa atividade política e literária de seu autor – o sentido e a explicação deste continente e dos mais de quinhentos anos de luta, às vezes vitoriosa e às vezes desafortunada, pela soberania, pela liberdade, pela dignidade e pelo bem-estar de nossos povos.
Descobrir, aos vinte anos, a natureza continental de nossas guerras pela Independência, a unidade que brotava de nosso passado e se projetava necessariamente em nosso futuro, o grande projeto de San Martín, Bolívar, O’Higgins, Artigas e Abreu de Lima partido em dezenas de fragmentos insignificantes, foi um acontecimento espiritual que marcou para sempre nosso pensamento e nosso compromisso político. Aprendemos, no momento de iniciar nosso ingresso na política, que o principal objetivo dessa atividade devia ser a restauração, nas condições de nossa época, daquela unidade perdida depois da batalha de Ayacucho.
Neste livro, minha geração começou a compreender, na Argentina, a história e as particularidades de nosso vizinho, o Brasil, que, ao contrário do resto do continente, não sofrera o flagelo da balcanização. Longe disso, ele havia mantido uma singular unidade estatal, não isenta de guerras civis, que dominou seu extenso território.
A ideia central expressa no próprio título do livro é que a América Latina é uma nação, no mesmo sentido em que Fichte falava da Nação Alemã ou Napoleão da Nação Francesa. Isso implica que cada um de nossos pequenos países – em comparação com o gigantesco projeto – são peças de um enorme mosaico que já começamos a construir. O Brasil e a Argentina constituem, no pensamento geopolítico de Juan Domingo Perón e no truncado projeto de Getúlio Vargas, a pedra angular capaz de sustentar o conjunto do edifício. A América espanhola e a América portuguesa são, em certo sentido, os herdeiros do pensamento do Conde Duque de Olivares que, por mais de sessenta anos, sustentou a unidade da Península Ibérica e, portanto, do Novo Mundo.
Tiveram que transcorrer mais de quarenta anos para que a obra de Jorge Abelardo Ramos, de muitas vendas na Argentina dos anos 70, chegasse à terra do Barão do Rio Branco, da mesma forma como a obra e o pensamento de Darcy Ribeiro, Helio Jaguaribe ou Luiz Alberto Moniz Bandeira apenas nos últimos anos começaram a transpor a débil barreira que separa o português do espanhol.
E isso foi possível porque, por sorte ou por obra de nossos povos, muitas das ideias propostas neste livro começaram a tornar-se realidade. O Mercosul e a Unasul iniciaram uma revelação de sua potencialidade integradora. Pela primeira vez, desde os tempos da Grande Colômbia, nós sul-americanos estamos nos dando estruturas políticas e econômicas autônomas, sem que a presença dos Estados Unidos interfira em nossas decisões soberanas.
Se o Centenário argentino, em 1910, foi a apoteose de nossa fragmentação e debilidade, o Bicentenário de nossa Revolução de Maio é o reinício dessa unidade perdida. Esta História da Nação Latino-americana nos oferece chaves essenciais para fortalecer e consolidar esse processo, que deve ser irreversível. A sobrevivência de nossos povos, de nossa singular cultura formada por aportes de todos os lugares do mundo, de nossas matérias-primas e de nossos trabalhadores industriais, é o que está em jogo. Jorge Abelardo Ramos soube ver isso há quarenta anos e, seguramente, essa visão ajudará nosso mútuo entendimento e colaboração.
Buenos Aires, 13 de janeiro de 2011
Jorge Coscia – Secretário de Cultura da Nação Argentina
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