Descrição
Autor: Alcides Buss
ISBN: 85-85949-94-5
Páginas: 92
Peso: 150g
Ano: 1999
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Alcides Buss sabe constituir abordagens oblíquas, marcadas por recortes pessoais, sábias apropriações, proveitosos deslocamentos, para formar novos sistemas de expressão, nos quais, além das cinzas, percebemos a sua autobiologia, a nova síntese, que não podia prescindir, é bem verdade, das cinzas de suas leituras, como fizera Jorge Luis Borges, patriarca dos escritores que cultivam o fogo e as cinzas, que são primeiramente poetas-leitores ou leitores-poetas, e que jamais ignoram o sentido secreto e intrasferível do coeficiente de solidão, que singulariza esta delicada matéria de cinzas.
***
O poeta não termina
o seu poema – o interrompe
apenas.
Se publica,
é pra livrar-se dele.
O poeta se
imagina:
a imagem o recrimina.
Mário Quintana vai ao céu
e volta num segundo
– tem leitres no além.
Para a alma, melhor
poesia alguma
que nenhuma.
Ao anjos dizem amém.
XXIV
O poema reluta.
Quer ser – e não quer:
Escolhe o poeta;
escolhe o momento.
Recua. No limbo
insondável, pondera.
Retorna mais tarde,
já outro – nem sempre.
Com força, derrama
o sentido. Se vire
o poeta.
(Alcides Buss em Cinza de Fênix & três elegias)
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