Descrição
Autora: Miriam Vieira da Cunha
ISBN: 978-65-86428-27-8
Páginas: 242
Peso: 311g
Ano: 2020
Meu escrever ressurgiu com a morte de um amigo, um irmão. Assim que eu soube de sua morte, comecei a rabiscar, lembrando os momentos que passamos juntos, as muitas caminhadas pela vida, os nossos sonhos de juventude.
E isso me levou a buscar caderninhos, folhas soltas, cartas não enviadas, pedacinhos de vida. Perdi algumas vezes os fios da meada, no meio de páginas esquecidas e amareladas.
Nesse escrever, as lembranças foram surgindo, as viagens, os momentos voltando. Enquanto a lua ia nascendo serena, fui montando esse quebra-cabeças, juntando pedacinhos, recriando lembranças.
Reencontrei muita gente que tinha perdido por aí, lembrei de outras, ri e chorei em muitos momentos.
Voltei aos natais perdidos da infância, ao cheiro dos banhos de chuva, aos sonhos de menina, aos vestidos engomados que eu detestava. Revi instantes, lugares, pessoas. Senti cheiros, barulhos, lembrei de músicas, e de pedaços de livros. Vieram até mim, devagar, cores, sons e sensações de muitos momentos.
Entre folhas espalhadas pela casa, reencontrei sonhos, velhas fotos, dias cinzentos, dias ensolarados, invernos, verões, folhas amarelas de outono, árvores secas de inverno, um pouco de neve. Muitas vezes fiquei confusa ao juntar os pedaços de frases, ao tentar situar uma ou outra aventura no tempo. A fantasia e o sonho, as cartas não enviadas e recebidas me ajudaram.
Os amigos que compartilharam essas aventuras, meus irmãos, primos e sobrinhas, me ajudaram lembrando episódios esquecidos e instantes compartilhados. Foi uma bela viagem que pretendo continuar.
Ruas que atravessei, montanhas que subi. Creta, Lisboa, Paris, London, London, Ngorongoro, Zanzibar, Arusha, Santorini, Roma, Atenas. O olhar de um menino, a senhora que me ajudou a chegar à estação de trem em Praga. Teus olhos, que descobri em um parque de Amsterdam, naquele café em Kopenhagen. O verde do mar da Tanzânia, as mulheres da ilha de Moçambique. Instantes, pousadas, passagens. O lindo violão no entardecer de Atenas. Aquela pequena ilha grega perdida no distenso verão.
Pisei nas estrelas distraída.
Já é outro dia
A gente se vê, quem sabe.Outro dia, enquanto os ipês se tingem de amarelo
Nesta 4ª feira de frustrações e saudades.Lembrando aventuras, viagens insólitas, encontros nas esquinas.
Lembrando saudades distantes dos nossos cafés e caminhadas.
Avaliações
Não há avaliações ainda.